Principais Pontos

Mitos e Equívocos

O projeto Sistemando se propõe a desmistificar os temas de TDI, e transtornos dissociativos e neurodiversidade no geral, e para trazer luz ao assunto, precisamos combater a desinformação, os mitos e os pensamentos equivocados acerca do TDI. Veja a seguir nossa lista dos mitos mais comuns e o que realmente é Fato.

Mito: Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) é só sobre ter “múltiplas personalidades”.

Fato: TDI é um transtorno caracterizado por ter partes dissociadas (alters) como resultado de trauma crônico na infância. Enquanto os alters são o sintoma mais conhecido desse transtorno, eles não são o único ou necessariamente o sintoma principal. Porque TDI é resultado de trauma, é altamente comórbido com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno de estresse pós-traumático complexo (TEPT-C) e flashbacks, entorpecimento emocional, pesadelos, desregulação emocional e pessimismo sobre o futuro são comuns. Indivíduos com TDI geralmente também apresentam outros transtornos comórbidos, incluindo transtornos de humor (como transtorno depressivo maior), transtornos de ansiedade (como transtorno de ansiedade social), transtornos de personalidade (como transtorno de personalidade borderline (TPB)), distúrbios alimentares (como anorexia nervosa) ou transtorno de conversão (Associação Americana de Psiquiatria (APA), 2013)¹.

Além disso, o TDI inclui uma série de sintomas dissociativos. A alteração de identidade é responsável pela existência de alters e a amnésia dissociativa explica o desconhecimento do histórico de trauma do indivíduo, bem como a amnésia entre alters (amnésia inter-identidade). O TDI também envolve altos níveis de confusão de identidade (não ter certeza de quem é), despersonalização (sentir-se desconectado de aspectos de si mesmo, incluindo emoções, pensamentos, memórias, sensações físicas,corpo ou partes do corpo ou identidade) e desrealização (sentir-se desconectado do ambiente ou sentir que nada é real). Indivíduos com TDI também podem experimentar: estados de transe, em que eles mostram mínima consciência ou capacidade de responder ao seu entorno; distúrbios perceptivos, como sentir como se os sons estivessem vindo de longe; e sintomas somáticos, como dores de estômago, dores de cabeça ou dores nas articulações em resposta ao estresse emocional (Dell, 2006)². Esse transtorno é tão fortemente associado com sintomas dissociativos que um diagnóstico de TDI torna qualquer outro diagnóstico de transtorno dissociativo desnecessário.

Indivíduos com TDI também frequentemente experienciam problemas de memória além de simples amnésia entre-identidades. Eles podem ouvir “vozes” que eles podem não entender a princípio que são originárias de seus alters. Frequentemente, encontram-se fazendo ou dizendo coisas que não planejam fazer ou dizer, ou podem ter o desejo de agir de uma maneira específica; ambos podem indicar que um alter está presente e assumiu algum controle sobre o corpo ou está impondo seus desejos ao anfitrião. Da mesma forma, um indivíduo com TDI pode ter pensamentos ou sentimentos que se originam de alters e, portanto, não se parecem seus. Suas habilidades podem variar, assim como seu conhecimento. Eles podem encontrar evidências de sua amnésia, como objetos desconhecidos em sua posse ou serem abordados por indivíduos desconhecidos (Dell, 2006)². Muitos indivíduos com TDI sentem que estão ficando loucos! A maioria tenta esconder seus sintomas, tentam funcionar como todos ao seu redor, e sofrem em silêncio. Infelizmente, isso nem sempre é possível. Mais de 70% de indivíduos com TDI tentaram suicídio e auto mutilação também é comum (APA, 2013)¹.

Mito: Alters são só estados de ego, humores com nome ou amigos imaginários.

Fato: Alters são estados de partes dissociadas que podem ser muito diferenciadas umas das outras. Eles podem ter nomes, idades, identidade de gênero, sexualidades, memórias, habilidades e modos de ver e interagir com o mundo individuais. Alters podem até se perceber como espécies diferentes ou como membros de uma etnia ou raça diferente (Hart, Nijenuis, & Steele, 2006)³. Eles podem ter transtornos mentais diferentes ou marcadores psicológicos e reações a estímulos, incluindo “diferenças em perspicácia visual, respostas médicas, alergias, níveis de glicose em pacientes diabéticos, frequência cardíaca, leitura de pressão arterial, resposta cutânea, tensão muscular, lateralidade, função imunológica, eletroencefalografia e padrão de potencial evocado, ativação de ressonância magnética funcional, ativação cerebral e fluxo sanguíneo regional usando tomografia computadorizada por emissão de fóton único e tomografia por emissão de pósitrons, entre outros” (Sociedade Internacional para o Estudo de Trauma e Dissociação, 2011)4. Isso é possível porque muitas funções psicológicas são altamente responsáveis pelo estado mental, funcionalidade neurológica e hormônios de alguém.

Ninguém pode escolher ter alters ou como são seus alters. A criação de Alters é totalmente inconsciente e é o resultado de uma falha na integração de pensamentos, memórias, emoções, comportamentos aprendidos, traços e processos de fantasia semelhantes (Hart, Nijenuis, & Steele, 2006)³. Isso é muito diferente de processos fantasiosos. Indivíduos que criam personagens ou escrevem histórias às vezes podem sentir que eles não estão conscientemente decidindo quais ações seus personagens realizam em todas as situações ou podem imaginar conversas com seus personagens, mas isso ainda não é o mesmo que alters realizando ações que são percebidas como independentes. A maioria dos alters tem seu próprio senso de identidade. Enquanto um indivíduo pode ser capaz de recuperar com força o controle sobre as atividades de um alter, eles não podem realmente controlar o alter. Além disso, para indivíduos com TDI, os alters apresentam algum grau de amnésia entre-identidades entre eles (APA, 2013)¹.

Dito isto, deve-se notar que alters não são pessoas completamente separadas. Um indivíduo com TDI tem um cérebro e um corpo. Barreiras dissociativas entre alters não são limites literais, e conhecimento, memórias,habilidades, preferências e traços podem vazar. Além disso, pode haver muitas semelhanças entre alters devido a fatores subjacentes compartilhados. Uma parte importante do tratamento do TDI é ajudar os indivíduos a perceber que todos os alters presentes em um sistema sofreram o mesmo trauma, todos são responsáveis pelo que seu corpo faz, todas as suas opiniões e necessidades são igualmente importantes, e todos devem trabalhar juntos para funcionar e prosperar.

Mito: Indivíduos com TDI nunca estão cientes de que têm alters.

Fato: É comum que indivíduos com TDI tenham consciência de seus alters, ouçam seus alters se comunicando e tenham conhecimento de pelo menos algumas das atividades de seus alters (Dell, 2006)². Muitos indivíduos com TDI reconhecem os sinais dos alters desde a infância. Eles podem em algum momento ter tido conhecimento de que eles tinham outras “pessoas” ou conhecido seus alters pessoalmente, mas podem ter começado a ignorar, esquecer, ou rejeitar esse conhecimento à medida que ficaram mais velhos e perceberam que ter alters não é “normal”. Muitos com TDI estão cientes que sua memória frequentemente não é confiável, que eles fazem coisas sem lembrar que fizeram, e às vezes agem diferente do normal sem conseguir parar ou controlar suas ações. Não é incomum para aqueles com TDI ouvir as vozes de seus alters, mas não entender o que isso significa ou pensar que é um sinal de insanidade iminente. Às vezes, os indivíduos com TDI vão descobrir que têm TDI com base na crescente disponibilidade de informações relevantes sobre o transtorno e, é claro, os indivíduos diagnosticados com TDI estarão cientes de que têm TDI!

Mito: Indivíduos com TDI nunca estão cientes do que seus alters fazem e não podem se comunicar com eles.

Fato: Enquanto todos os indivíduos com TDI experimentam algum grau de amnésia em relação aos seus alters, muitos podem permanecer co-conscientes com pelo menos alguns de seus alters. A co-consciência é a capacidade de dois ou mais alters permanecerem conscientes um do outro ou do mundo exterior ao mesmo tempo. Em relação à comunicação interna, 95% dos indivíduos com TDI relatam ouvir vozes infantis, 90% relatam ouvir vozes persecutórias, 89% ouvem vozes discutindo entre si e 95% ouvem vozes comentando sobre sua vida ou atividades. Raramente, indivíduos com TDI podem realmente ver e ouvir seus alters projetados externamente (Dell, 2006)². Tudo isso indica o potencial para comunicação entre alters. Muitos indivíduos com TDI podem ou aprendem a falar internamente com seus alters, um processo que pode se manifestar como “ouvir” seus alters como projeções internas, ter uma noção do que seus alters estão tentando comunicar ou experimentar as palavras de seus alters como pensamentos involuntários que eles não sentem como originados por eles. Alguns indivíduos com TDI podem “ver” ou “ouvir” seus alters através de representações internas comumente chamadas de mundos internos (ou “headspace”) (Hart, Nijenuis, & Steele, 2006)³. Até os que possuem pouca comunicação interna pode se comunicar por meio de anotações, mensagens com terceiros confiáveis (como terapeutas) ou diário. 

Indivíduos com o subtipo 1 de Outro Transtorno Dissociativo Especificado (OTDE-1) muitas vezes não têm amnésia para as atividades de seus alters. Esta é uma das diferenças de definição potenciais entre TDI e OTDE-1.

Mito: O TDI é óbvio e fácil de perceber em quem o possui.

Fato: Apenas 5-6% das pessoas com TDI são abertamente infligidas com o transtorno. Os outros 94-95% não podem ser identificados casualmente como sistema. Indivíduos que têm TDI são mais propensos a ter transtornos de humor (como transtorno bipolar ou transtorno depressivo maior), transtornos de personalidade (como transtorno de personalidade borderline), transtornos psicóticos (como esquizofrenia), outros transtornos dissociativos (como outro transtorno dissociativo especificado ou amnésia dissociativa), transtorno de estresse pós-traumático isolado, transtorno de conversão, transtornos convulsivos, transtorno obsessivo-compulsivo, paranoia ou transtornos cognitivos (APA, 2013)¹.

Mito: TDI só é causado por abuso infantil severo.

Fato: TDI é causado por trauma de infância de longa duração ou repetido. O abuso infantil se encaixa neste critério e é a causa mais comum de TDI, com cerca de 90% dos indivíduos com TDI tendo sofrido abuso ou negligência infantil. No entanto, outras formas de trauma infantil associadas ao TDI incluem procedimentos médicos e cirúrgicos repetidos, guerra, tráfico de seres humanos e terrorismo (APA, 2013)¹. O apego inseguro/desorganizado também desempenha um papel.

Mito: O TDI é causado por terapeutas/mídia/pensando-se nele. 

Fato: Há uma abundância de evidências que apoiam que o TDI acontece devido a traumas de infância repetidos ou de longo prazo. A pesquisa sustenta que o TDI iatrogênico/sociocognitivo (TDI resultante de influências terapêuticas ou sociais) não é o mesmo que o TDI genuíno.

Mito: TDI é incrivelmente raro.

Fato: Entre 0,1% e 2% da população tem TDI. O DSM-5 coloca essa prevalência em 1,5% (APA, 2013)¹. Isso é quase 3,2 milhões de americanos, 0,65 milhões de cidadãos do Reino Unido ou 71 milhões de pessoas em todo o mundo!

Mito: TDI é um fenômeno americano.

Fato: O TDI foi encontrado em todos os países em que foi procurado, e algumas pesquisas muito evoluídas sobre TDI vêm da Holanda, Turquia, Porto Rico e Nova Zelândia.

Mito: TDI não existia antes de Sybil e filmes sobre esse tema

Fato: O primeiro caso conhecido de TDI foi o de Jeanne Fery em 1584 (van der Hart, Lierens, Goodwin, 1996)⁵. Sybil trouxe conscientização para o TDI e assim permitiu um número crescente de diagnósticos a serem feitos à medida que mais fundos foram destinados à educação e pesquisa do transtorno, mas TDI não começou com Sybil (nem com Eve, que veio antes de Sybil).

Mito: TDI é fácil de fingir/é fingido com frequência.

Fato: Enquanto os não-profissionais podem não ser capazes de distinguir entre aqueles que realmente tem e não tem TDI, os profissionais são treinados para reconhecer a diferença entre TDI e distúrbios que podem se apresentar de forma semelhante (como TEPT-C ou TPB) ou entre TDI e transtornos factícios ou fingimento. Diagnósticos feitos usando a Entrevista Clínica Estrutural “estrela de ouro” para Transtornos Dissociativos são muito provavelmente confiáveis (Welburn et. al, 2003)6.

Além disso, deve-se notar que o TDI não é fingido a taxas excepcionalmente altas. Estudos descobriram que as taxas de transtornos dissociativos factícios ou fingidos estão entre 2% e 14%, com taxas mais altas sendo encontradas em ambientes de internação e consultórios especializados. Isso é comparável às taxas gerais de simulação, que variam de 7% a 17%, com taxas mais altas encontradas em ambientes forenses, e distúrbios factícios, que variam de 0,5% a 6% na população geral (Brand, McNary, Loewenstein, Kolos, & Barr, 2006)7.

Mito: TDI pode se formar em adultos.

Fato: O TDI não pode se formar em um indivíduo que tenha uma personalidade totalmente integrada, e o trauma crônico na infância é necessário para interromper o desenvolvimento normal da personalidade (Spring, 2012)⁸.É geralmente aceito que isso deve ocorrer antes das idades de 6 a 9 anos. Os 6 anos são considerados um período crítico para a integração do senso de si e da história do eu devido à maturação do hipocampo e dos córtices pré-frontais neste momento (Nijenhuis, Hart, & Steele, 2010)⁹. Isso é abordado com mais profundidade aqui. O trauma mais tarde na vida pode causar TEPT, TEPT-C ou outros sintomas de saúde mental. Além disso, um indivíduo que já tem TDI ou OTDE-1 pode desenvolver alters em qualquer idade.

Mito: TDI é a mesma coisa que esquizofrenia.

Fato: A esquizofrenia é um espectro de transtornos caracterizados por: delírios; alucinações; paranóia; efeito plano (apatia emocional); pensamentos, fala e movimentos desorganizados; catatonia; e afastamento social. Não envolve alters e muitas vezes não envolve dissociação. Em contraste, aqueles com TDI não estão delirando ou alucinando seus alters (APA, 2013)¹. Enquanto tanto aqueles com esquizofrenia quanto aqueles com TDI podem ouvir vozes, as vozes que aqueles com TDI ouvem geralmente são as projeções internas de seus alters. Os sintomas de primeira ordem de Schneider que ocorrem naqueles com TDI são diferentes daqueles que ocorrem em indivíduos esquizofrênicos e, embora os indivíduos com TDI possam experimentar psicose dissociativa ou reativa, isso não é o mesmo que um transtorno psicótico orgânico (Dell, 2006)².

Mito: TDI é a mesma coisa que transtornos bipolares.

Fato: Os transtornos bipolares são transtornos de humor caracterizados por estados depressivos, maníacos ou mistos. Eles não têm nada a ver com alters ou dissociação. Aqueles com TDI podem parecer que estão em um ciclo rápido quando trocam (entre alters), mas isso ocorre porque seus alters podem ter humores diferentes (APA, 2013)¹ ou por causa de um gatilho. Os dois transtornos não são realmente semelhantes.

Mito: TDI é a mesma coisa que Transtorno de Personalidade Limítrofe (Borderline).

Fato: Existem muitas semelhanças entre o transtorno dissociativo de identidade e o transtorno de personalidade limítrofe (borderline). Acredita-se que ambos os distúrbios sejam causados (ou frequentemente causados) por traumas na infância e apego inseguro/desorganizado e podem ser explicados através da teoria da dissociação estrutural. Aqueles com TDI experimentam a si mesmos como tendo várias partes distintas, enquanto aqueles com TPB experimentam sua identidade como mal definida e possivelmente fragmentada. O TDI é um transtorno dissociativo, enquanto o TPB geralmente envolve características dissociativas. Tanto o TDI quanto o transtorno de personalidade limítrofe podem envolver problemas para formar ou manter vínculos saudáveis. No entanto, o TPB não envolve partes totalmente diferenciadas e, embora os indivíduos com TPB raramente possam experimentar estados de transe ou fuga dissociativos, isso não é o mesmo que a amnésia inter-identitária encontrada naqueles com TDI. Aqueles com TDI são menos propensos a ver o mundo e os outros em preto e branco ou ter um medo intenso de abandono. TPB e TDI podem ser e muitas vezes são comorbidades, mas não são o mesmo transtorno (Mosquera, Gonzalez, & Hart, 2012)¹⁰.

Mito: Indivíduos com TDI podem optar por se livrar, matar ou integrar imediatamente seus alters.

Fato: Alters são partes dissociadas do eu. Eles não podem ser desfeitos ou mortos mais do que os traços, falhas ou outros sintomas de saúde mental podem ser magicamente eliminados ou curados. Infelizmente, ao contrário de muitas outras condições de saúde mental, o TDI não pode ser tratado com medicamentos. A medicação pode ajudar com sintomas depressivos, ansiedade, distúrbios do sono ou outros sintomas comórbidos, mas a medicação não pode se livrar de alters. A integração, ou redução das barreiras dissociativas entre alters até que todos possuam todas as partes da personalidade e apenas um indivíduo permaneça, é possível, mas leva tempo e esforço. Os alters são formados por traumas e permanecem separados por uma falha interna de integração e por terem vivenciado diferentes eventos e assim terem se desenvolvido e se diferenciado como indivíduos.

A integração não é a escolha certa para todos os sistemas e é uma escolha pessoal. Em muitos casos, o aumento da comunicação e cooperação entre alters é mais desejável, embora possa carecer de alguns dos benefícios da integração completa. Mesmo quando um sistema está integrado, o tratamento deve continuar até que o indivíduo esteja mais acostumado à vida integrada (International Society for the Study of Trauma and Dissociation, 2011)⁴.

Mito: Aqueles com TDI são assassinos perigosos.

Fato: Como outras populações com doenças mentais, aqueles com TDI não são mais propensos a serem perigosos ou abusivos do que qualquer outra pessoa. No entanto, o TDI se forma por causa de trauma crônico na infância, e os indivíduos com TDI são altamente propensos a serem re-traumatizados e vítimas de mais abuso e violência. Ao contrário da crença popular, não é comum que aqueles com TDI tenham um alter “mau”.

Um estudo de 173 indivíduos com transtornos dissociativos descobriu que sintomas dissociativos, pós-traumáticos, de desregulação emocional, depressivos ou de uso de substâncias não podem prever a criminalidade nessa população. Isso contrasta um pouco com a população em geral, na qual os transtornos por uso de substâncias são as doenças mentais mais comuns entre os agressores violentos, a desregulação emocional é um mediador para o comportamento violento entre indivíduos com TPB e a dissociação entre pacientes internados está associada à agressão sexual, agressão geral e abuso “hereditário”. Apenas 3% dos indivíduos do estudo foram acusados de um crime nos últimos 6 meses, 1,8% foram multados e 0,6% foram presos. Nenhuma condenação ou liberdade condicional foi relatada. Alguns estudos mais antigos especificamente sobre indivíduos com TDI descobriu que a maioria não é violenta e não tem alters violentos; as exceções foram um estudo de 1990 com 11 indivíduos com TDI e outro pequeno estudo de 1990 com apenas homens com TDI que encontrou taxas mais altas de alters violentos e encarceramento. Um estudo mais recente e amplo de 2014 descobriu que apenas 3,5% dos indivíduos com TDI se envolveram em alguma forma de violência interpessoal. Outro estudo internacional mais recente relatou que apenas 2% dos médicos tinham pacientes com TDI ou OTDE que haviam coagido ou agredido sexualmente um parceiro; 3,5% dos pacientes foram relatados por seus terapeutas como envolvidos em qualquer abuso físico ou sexual de seus parceiros. Em contraste, altas taxas de violência dirigida internamente (ou seja, alterações suicidas) foram encontradas, e um estudo descobriu que 26,1% dos indivíduos com TDI correm o risco de serem agredidos. Infelizmente, os indivíduos mentalmente doentes muitas vezes estão cientes das percepções dos outros sobre eles como potencialmente violentos, e isso pode piorar seu isolamento, emoções negativas e adesão ao tratamento (Webermann & Brand, 2017)¹¹.

Referências

1 Associação Americana de Psiquiatria. (2013). Transtornos Dissociativos. In Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5ª ed.) (nome em inglês). http://dx.doi.org/10.1176/appi.books.9780890425596.dsm08

2 Dell, P. F. (2006). A new model of dissociative identity disorder. Clínicas Psiquiátricas da América do Norte, 29(1), 1-26. doi:10.1016/j.psc.2005.10.013 (nome em inglês).

3 Hart, O., Nijenhuis, E. R. S., & Steele, K. (2006). The haunted self: Structural dissociation and the treatment of chronic traumatization. Nova York: W.W. Norton (nome em inglês).

4 Sociedade Internacional para o Estudo do Trauma e Dissociação. (2011). Guidelines for treating dissociative identity disorder in adults, third revision. Revista de Trauma e Dissociação, 12(2), 115-187 (nome em inglês).

5 Van der Hart, O., Lierens, R., & Goodwin, J. (1996). Jeanne Fery: A sixteen century case of dissociative identity disorder. O Jornal de Psico-História, 24(1) (nome em inglês).

6 Welburn, K. R., Fraser, G. A., Jordan, S. A., Cameron, C., Webb, L. M., & Raine, D. (2003). Discriminating dissociative identity disorder from schizophrenia and feigned dissociation on psychological tests and structured Interview [Abstract]. Revista de Trauma e Dissociação, 4(2), 109-130. doi:10.1300/j229v04n02_07 (nome em inglês).

7 Brand, B. L., McNary, S. W., Loewenstein, R. J., Kolos, A. C., & Barr, S. R. (2006). Assessment of genuine and simulated dissociative identity disorder on the Structured Interview of Reported Symptoms. Revista de Trauma e Dissociação, 7(1), 63-85. doi:10.1300/j229v07n01_06 (nome em inglês).

8 Spring, C. (2012). What causes dissociative identity disorder? Recuperado de http://www.pods-online.org.uk/index.php/information/articles/faqs-dissociation/what-causes-dissociative-identity-disorder (nome em inglês).

9 Nijenhuis, E. R. S., van der Hart, O., & Steele, K. (2010). Trauma-related structural dissociation of the personality. Activitas Nervosa Superior, 52(1), 1-23 (nome em inglês).

10 Mosquera, D., Gonzalez, A., & Hart, O. (2012). Borderline personality disorder, childhood trauma and structural dissociation of the personality. Revista Persona, 11(1), 44-73 (nome em inglês).

11 Webermann, A. R. & Brand, B. L. (2017). Mental illness and violent behavior: The role of dissociation. Borderline Personality Disorder and Emotion Dysregulation, 4(2). doi: 10.1186/s40479-017-0053-9 (nome em inglês).

Principais Pontos