Principais Pontos

Tipos de Trauma

Muitos tipos de trauma existem, incluindo desastres naturais, traumas médicos, agressões, bullying, abuso, violência doméstica, violência de gangues, guerras, terrorismo, preconceitos institucionais, tráfico de pessoas, etc. No entanto, o transtorno dissociativo de identidade (TDI) pode ser causado apenas por traumas de longo prazo ou repetitivos durante a infância. De acordo com o DSM-5, cerca de 90% dos indivíduos com TDI experienciaram abuso infantil ou negligência. Outras formas de traumas na infância que estão associados com o TDI incluem procedimentos médicos e cirúrgicos, guerra, tráfico humano e terrorismo (American Psychiatric Association, 2013)¹.

Traumas de traição, traumas que envolvem uma violação significante da confiança e bem estar por indivíduos ou instituições que um indivíduo depende para sua sobrevivência (Freyd, 2014)², tem uma maior probabilidade de levar ao TDI do que traumas onde não há traição (Spiegel, 2008)³. Abuso infantil e negligência são exemplos de traumas de traição enquanto desastres naturais e procedimentos médicos não são. Para os adultos, traumas como abuso sexual cometido por um estranho não são automaticamente traumas de traição, mas eles podem se tornar caso o sistema de ajuda existente, a instituição onde o  abuso sexual aconteceu ou o sistema jurídico falhe em mostrar apoio ou reaja de uma maneira muito negativa ou vergonhosa. Em todos esses casos de traumas de traição, a vítima não pode reconhecer o mal que lhe foi causado ou afastar-se daqueles que lhe causam mal sem que corra o risco de lhe ser causado mais algum dano ou, no caso de uma criança que sofre abuso ou negligência, até mesmo a morte. Deve-se notar que descobriu-se que traição autorrelatada prevê o TEPT e sintomas dissociativos mais frequentemente que o medo. Traumas de traição geralmente são mais propensos a causar “cegueira de traição”, ou memórias reprimidas/dissociadas, do que traumas sem traição (Freyd, 2014)². Uma das principais pesquisadoras sobre traumas de traição é Jennifer J. Freyd.

Outros fatores significantes no impacto dos traumas e do desenvolvimento do TDI incluem a idade da criança, a severidade do trauma, quais traumas e estressores adicionais estão presentes na vida da criança, o quão naturalmente dissociativa a criança é, e o relacionamento da criança com seus cuidadores (Spring, 2012)⁴. Crianças que possuem apego inseguro ou desorganizado com seus cuidadores têm mais risco de terem confusão de identidade, transtornos dissociativos, transtorno de personalidade borderline (Gonzalez, Gonzalez, & Van der Hart, 2012)⁵, e transtorno de apego reativo (Bremness, 2003)⁶. Muitos dos mesmos fatores (ou seja, se o trauma é ou não de longo prazo ou repetitivo, interpessoal, severo, está acontecendo com uma criança ou com um indivíduo gravemente dissociativo) também tornam a pessoa mais vulnerável ao desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático complexo em vez do transtorno do estresse pós-traumático (van der Kolk, 2001)⁷.

Abuso Infantil, Negligência e Tráfico Humano

Abuso emocional e verbal

Abuso emocional é aquele que afeta a criança psicologicamente e socialmente. Embora acompanhe abusos físicos e sexuais, pode ocorrer de forma independente também. Abuso emocional é o tipo mais comum de abuso infantil. Infelizmente, frequentemente é encoberto e pode ser difícil de ser reconhecido, especialmente na ausência de degradação verbal explícita (Blue Knot Foundation, 2015)⁸. Adultos emocionalmente abusivos podem focar em suas próprias necessidades antes de se concentrar nas necessidades das crianças que estão sob seu cuidado. Embora possam recorrer a ameaças verbais, insultos, humilhação ou intimidação, também podem se envolver com chantagem ou manipulação emocional, isolar a criança ou exibir comportamentos irracionalmente exigentes, excessivamente controladores ou possessivos. Abuso emocional também podem se manifestar como negligência emocional, abandono ou rejeição em que as necessidades físicas da criança são atendidas mas suas necessidades emocionais são ignoradas ou rejeitadas. Expor uma criança ao abuso de uma outra pessoa (incluindo violência doméstica ou violência conjugal) ou violência direcionada a um animal de estimação é outro tipo de abuso emocional (Blue Knot Foundation, 2015; Smith, & Segal, 2016; American Humane Association, n.d.; Petro, n.d.)8,9,10,11.

Negligência

A negligência ocorre quando um cuidador falha em prover adequadamente as necessidades da criança. Isso envolve a falha para prover comida, abrigo ou roupas; cuidados médicos e odontológicos apropriados; amor e apoio; supervisão e controle apropriados de acordo com a idade; orientação moral e jurídica; ou uma forma ou incentivo para que a criança frequente a escola regularmente (Blue Knot Foundation, 2015)⁸. Alguns pais são financeiramente, mentalmente ou emocionalmente incapazes de prover o cuidado adequado para suas crianças, e isso, além de abuso de substâncias e vícios, contribuem comumente para a negligência. Negligência pode forçar crianças mais velhas a cuidarem de si mesmas, dos irmãos mais novos ou mesmo dos próprios pais em um tipo de inversão de papéis abusiva (Smith, & Segal, 2016)⁹.

Abuso físico

Abuso físico envolve violência deliberada ou punições severas e inadequadas contra crianças que resultam em danos ou lesões físicas (Smith, & Segal, 2016)⁹. Exemplos incluem bater, estapear, socar, chutar, morder, queimar, escaldar, acertar uma criança com um objeto ou ameaçar ou atacar uma criança com uma arma ou faca. Abuso físico na maioria das vezes resulta na morte de bebês ou crianças pequenas, mas pode causar danos permanentes para qualquer faixa etária (Blue Knot Foundation, 2015)⁸. Ao contrário da disciplina apropriada (que é muito usada como desculpa para o abuso), o abuso físico é imprevisível, praticado por raiva ou com o objetivo de causar medo na criança que está sendo machucada. Não leva em consideração adequadamente a idade ou condição física da criança (Smith, & Segal, 2016)⁹.

Abuso sexual

Abuso sexual implica em um adulto que envolve um menor de idade em um ato sexual ou expõe o menor a comportamentos ou materiais sexuais inapropriados, ou pode envolver outro menor coagindo ou forçando uma criança a atos sexuais. Abuso sexual pode envolver ameaças ou força física, mas também pode envolver manipulação. Abuso sexual é significantemente mais comum em crianças do sexo feminino do que do sexo masculino, mas as crianças do sexo masculino também são frequentemente vítimas de abuso sexual, e as crianças com deficiência física, mental ou de desenvolvimento correm maior risco (Blue Knot Foundation, 2015)⁸. Assim como acontece com todos os outros tipos de abuso, tanto mulheres quanto homens podem ser perpetradores, e a maioria dos perpetradores são conhecidos da vítima (National Center for Victims of Crime, n.d.)¹².

Abuso sexual encoberto

Apesar de ser mais difícil de reconhecer do que abusos sexuais explícitos, abuso sexual encoberto é tão valido e prejudicial quanto o abuso que envolve toques explicitamente inapropriados. Os toques no abuso sexual encoberto podem envolver o pescoço, barriga, ou coxas em vez da genitalia ou pode envolver um adulto beijando uma criança com muita intensidade ou por muito tempo. Sem mesmo mencionar sexo explicitamente, o adulto podem fazer comentários sobre a sexualidade da criança, falar sobre o corpo dela de uma maneira sexualizada, fazer flertes, tratar a criança como um cônjuge substituto ou queixar-se à criança sobre o seu casamento ou vida sexual. O adulto também pode assistir uma criança mais velha no banho ou na troca de roupas mesmo depois de a criança ter parado de necessitar de ajuda ou supervisão com tais coisas. A criança pode não ter privacidade quando estiver no banheiro ou não ser protegida de ver o adulto nu ou trocando de roupas (Weiss, n.d.; Weiss, 2015)¹³,³⁰.

Abuso sexual organizado

Abuso sexual organizado é aquele que normalmente envolve várias vítimas crianças e vários adultos perpetradores. Isto pode se manifestar em um ambiente religioso ou como parte de um culto religioso, noutro ambiente institucional, como um lar coletivo, como uma rede de abuso sexual infantil ou como tráfico doméstico de menores (Blue Knot Foundation, 2015; Salter, n.d.)⁸,³¹. Em muitos casos, as crianças primeiramente são abusadas por um membro da família, como seu pai, que convida outros para também abusarem sexualmente delas. De acordo com um dos principais pesquisadores sobre abuso organizado, Michael Salter, até 1/5 das mulheres e crianças vítimas de abuso sexual em ambientes clínicos relatam esse tipo de abuso quando questionadas, embora apenas 3% dos casos de abuso sexual denunciados aos serviços de proteção à criança referenciem o abuso organizado (Salter, n.d.)³¹.

Abuso religioso/espiritual

Abuso religioso pode referir-se ao abuso com com componentes ou conotação religiosa, ao abuso perpetrado por uma instituição religiosa ou ao abuso por cultos religiosos. Abuso com aspectos ou conotações religiosas podem envilver o uso de versos da bíblia para justificar o abuso sexual, o abuso físico, o abuso emocional ou a negligência (Child Friendly Faith Project, n.d.)¹⁴. Ameaças sobre o inferno ou condenações podem ser usadas para aterrorizar crianças a fim de fazê-las obedecer, ou falar de demônios e possessões pode fazer com que as crianças tenham medo de suas próprias mentes, aceitem abusos ou deixem de procurar ajuda ou tratamento para transtornos ou deficiências, sejam eles físicos ou mentais. Por vezes, as instituições religiosas permitem ou validam conscientemente, de forma encoberta ou explícita, o abuso dentro da sua comunidade ou envolvem-se em abuso sexual organizado ou tráfico de pessoas. Os cultos religiosos podem envolver-se em doutrinação e condicionamento religioso intensos, juntamente com abuso físico, sexual e emocional. Outros exemplos de abuso que são muitas vezes “justificados” pela religião incluem negligência médica, casamento infantil, exorcismo, mutilação genital, terapia de conversão para jovens LGBT ou abandono de um menor por razões como o menor ser LGBT ou ter crenças religiosas diferentes (Bulwer, 2016)¹⁵.

Abuso ritualizado

Consiste no tipo de abuso feito de maneira ritualística. Na maioria das vezes, refere-se ao abuso organizado com aspectos ritualísticos, embora às vezes seja usado para se referir a qualquer abuso sádico ou severo que envolva uma mistura de abuso físico, sexual e psicológico. O abuso ritualizado pode envolver uma ideologia de grupo, mas tal ideologia pode ser encenada para enganar e ameaçar as vítimas. Embora isso seja frequentemente associado ao satanismo e ao abuso ritual satânico (ARS), também tem sido associado a grupos supostamente gnósticos, cristãos e fascistas (Becker & Coleman, 1999)¹⁶. Ao contrário das crenças populares, o abuso ritualizado não necessariamente envolve cultos, rituais de adoração ou atividades sexuais bizarras. Em vez disso, abusos ritualizados podem recorrer a abusos sádicos, atos de extrema violência reais ou encenados e/ou símbolos religiosos a fim de silenciar ou desacreditar crianças vítimas de tipos de abuso mais “mundanos” ou, em casos de tráfico de pessoas, a fim de produzir certos tipos de pornografia infantil. De acordo com os pesquisadores holandeses Onno van der Hart, Suzette Boon e Olga Heijtmajer Jansen, “Os médicos holandeses têm cada vez mais a impressão de que muitos desses chamados grupos ARS estão ligados a redes sindicalizadas de sexo infantil… e outras formas de organização criminosa. Atividades ARS parecem ser uma fachada – evocando descrença entre as agências de aplicação da lei e outras partes quando denunciadas – bem como um meio para garantir a lealdade das vítimas, o que é conseguido instigando terror e culpa” (1997)¹⁷.

Tráfico doméstico de menores

O Trafficking Victims Protection Act of 2000 define o tráfico sexual como “o recrutamento, alojamento, transporte, fornecimento ou obtenção de uma pessoa para fins de atos sexuais comerciais quando tal ato é induzido pela força, fraude ou coerção, ou quando a pessoa induzida a praticar tal ato não tenha completado 18 anos de idade”, definindo ainda um ato sexual comercial como “qualquer ato sexual pelo qual algo de valor é dado ou recebido por qualquer pessoa”. Similarmente, a lei define o tráfico de trabalho como “o recrutamento, alojamento, transporte, fornecimento ou obtenção de uma pessoa para trabalho ou serviços, através do uso de força, fraude ou coerção com o propósito de sujeição à servidão involuntária, peonagem, servidão por dívida ou escravidão” (Office on Trafficking in Persons, 2012)¹⁸. O tráfico doméstico de menores ocorre quando cidadãos ou residentes permanentes legais com menos de 18 anos estão sujeitos ao que foi descrito acima (Shared Hope International, n.d.)¹⁹. As crianças especialmente vulneráveis ao tráfico de pessoas são aquelas que “já experienciaram viver em famílias abusivas ou problemáticas; possuem deficiências; vêm de famílias com recursos muito limitados; fugiram; estão envolvidas nos sistemas de justiça juvenil, dependência ou assistência social; ou estão afastadas de redes de proteção devido à sua identidade LGBT” (Harpster, 2014)²⁰. A idade é outro fator que torna as crianças mais vulneráveis (Shared Hope International, n.d.)¹⁹. 

O tráfico sexual de menores pode envolver prostituição, pornografia e/ou entretenimento erótico como strip-tease, pole dancing ou massagem erótica  (Houston Rescue and Restore Coalition, 2011)²¹. A força, a fraude ou a coerção não são necessárias para que o crime seja considerado tráfico de pessoas quando a vítima é menor de idade (Shared Hope International, sd)¹⁹. O tráfico de pessoas é um problema separado do contrabando de pessoas e não é necessário cruzar fronteiras para que o crime seja considerado tráfico de pessoas (Office on Trafficking in Persons, 2012)¹⁸. O tráfico sexual doméstico de menores é um problema muito real em todo o mundo, incluindo nas nações ocidentais ricas. Embora não exista uma estimativa oficial sobre o número de vítimas do tráfico de pessoas nos Estados Unidos, a Polaris estima que o total seja de centenas de milhares (2015)²², e acredita-se que um terço destas vítimas sejam crianças (United Nations Office on Drugs and Crime, 2014)²³. Além disso, a pornografia infantil é um dos negócios online de crescimento mais veloz e representava uma indústria anual de 3 bilhões de dólares em 2005. Dos 1.536 domínios de pornografia infantil conhecidos em 2008, 58% estavam hospedados nos EUA (Enough is Enough, n.d.)²⁴. Tanto crianças do sexo feminino ou masculino são forçadas ao tráfico sexual, e os traficantes podem ser homens ou mulheres (Polaris, n.d.)²⁵.

Identificar crianças traficadas é mais difícil do que muitos imaginam. As vítimas crianças podem não compreender que estão sendo abusadas, especialmente se acreditarem que estão em um relacionamento com o seu traficante. Elas podem pensar que compartilham a culpa pelo abuso e que estão infringindo a lei. Elas podem temer que, caso falem, elas, sua família ou outras pessoas inocentes serão feridas. Podem ter sido ensinadas a temer as autoridades e o sistema legal. Se a vítima tiver sido traficada de outro país, poderá ter medo de retornar a um ambiente ainda menos seguro. Podem temer que a sua família ou comunidade as julguem, não querer implicar os membros da família envolvidos ou acreditar que a sua família precisa do dinheiro que podem estar ganhando com o trabalho forçado ou a exploração sexual da criança. Se a criança tentar revelar, pode ser complicado pelo TEPT; amnésia dissociativa; confusão sobre o que aconteceu com ela; dificuldade em discernir a realidade devido a drogas; estresse; pouca idade; ou ser deliberadamente enganada sobre as suas experiências; ou falta de habilidade com um idioma. Por vezes, os menores são injustamente tratados como suspeitos de crimes ou são processados pela natureza da sua vitimização ou pelas coisas que foram forçados a fazer como parte da sua vitimização (National Society for the Prevention of Cruelty to Children, n.d.)²⁶.

Sinais de Abuso

Os sinais de alerta para abuso muitas vezes se sobrepõem entre os tipos de abuso. Os sinais gerais de abuso infantil incluem angústia, ansiedade ou depressão, distúrbios alimentares, comportamento agressivo ou antissocial, obediência ou desobediência extremas, distanciamento emocional ou dissociação, carência, dificuldades com desempenho acadêmico e frequência escolar, medo extremo de cometer erros ou fazer algo errado, encenar e constantemente fazer coisas erradas ou se meter em problemas, expressar medo ou falta de vontade de voltar para casa, fugir de casa, dificuldades em fazer e manter amigos, expressar sentimentos de inutilidade ou de ser mau ou arruinado, comportamentos de risco ou uso de drogas ou álcool, e automutilação ou ameaças ou gestos suicidas (Blue Knot Foundation, 2015; Smith, & Segal, 2016; American Humane Association, n.d.; National Society for the Prevention of Cruelty to Children, n.d.)⁸,⁹,¹⁰,²⁶.

Sinais adicionais de abuso físico podem incluir lesões frequentes ou inexplicáveis ​​(incluindo hematomas, queimaduras ou escaldaduras, marcas de mordidas, fraturas ou ossos quebrados, cicatrizes, sinais de envenenamento, sinais de afogamento ou sufocamento ou sinais da criança ter sido sacudida), uso de roupas inadequadas para encobrir lesões, medo de ser tocado ou fugir ou recuar em resposta ao toque ou movimentos repentinos, dores misteriosas e desenvolvimento físico e coordenação anormais. Sinais adicionais de negligência podem incluir roupas mal ajustadas, sujas ou inadequadas, higiene consistentemente ruim, doenças ou lesões não tratadas, doenças ou infecções recorrentes, falta frequente de supervisão de um adulto que pode levar a acidentes ou lesões, não cumprimento dos marcos de desenvolvimento, ter baixa estatura e peso (incapacidade de se desenvolver), e desnutrição ou subnutrição. Sinais adicionais de abuso sexual podem incluir dificuldades para andar ou sentar, conhecimentos ou comportamentos sexuais inadequados à idade, grandes esforços para evitar uma determinada pessoa sem motivo conhecido, ansiedade intensa em relação a trocar de roupa na frente de outras pessoas, uma IST ou gravidez, incontinência ou fazer xixi na cama e pesadelos. Sinais adicionais de tráfico de pessoas podem incluir uma criança que não tem tempo livre ou liberdade de movimento, não sabe em que cidade ou mesmo país se encontra, não pode fornecer dados pessoais ou dizer onde vive, não estar matriculada numa escola ou quaisquer médicos, sem documentos ou documentos falsificados, sendo vistos em um bordel ou fábrica, lesões por acidentes de trabalho, ou sendo frequentemente vistos com um adulto desconhecido ou não familiar que pode tentar falar por eles (Blue Knot Foundation, 2015; Smith, & Segal, 2016; American Humane Association, n.d.; National Society for the Prevention of Cruelty to Children, n.d.)⁸,⁹,¹⁰,²⁶.

Deve-se notar que nem todos os abusos ocorrem no ambiente doméstico. Outros sinais de abuso podem incluir uma criança demonstrando medo extremo da escola, da igreja, de uma creche, de um membro mais distante da família ou da casa de um amigo da família, ou outro ambiente semelhante; temer ou evitar determinados indivíduos associados ou trabalhando em tais ambientes (BabyCenter Medical Advisory Board, 2014)²⁷; ou tentando evitar tais ambientes alegando estar doente ou mesmo tentando causar doenças ou ferimentos a si mesmo para evitar ter que ir (Blanco, 2011)²⁸. Observe que crianças pequenas que têm medo de ver um abusador ou de ir para um ambiente abusivo podem realmente confundir os sinais físicos de medo ou ansiedade como prova de que estão doentes (Campbell, 1991)²⁹ e que o estresse prolongado pode enfraquecer o sistema imunológico e aumentar a probabilidade de doenças (Blanco, 2011)²⁸.

Adultos que foram abusados quando crianças têm maior probabilidade de experienciar problemas de saúde física e mental e de lutar contra a desregulação emocional. Os sintomas de estresse pós-traumático podem ser especialmente problemáticos. Os adultos vítimas de abuso podem ter dificuldades em estabelecer relacionamentos com outras pessoas, podem tornar-se abusadores eles próprios ou continuamente sofrer revitimização pelos outros. Eles também correm maior risco de tentativas de suicídio e abuso de substâncias (Blue Knot Foundation, 2015; National Society for the Prevention of Cruelty to Children, n.d.)⁸, ²⁶.

Denunciar abuso

Quer seja ou não um relator obrigatório, qualquer pessoa que testemunhe ou suspeite de abuso infantil (incluindo tráfico de pessoas) deve denunciá-lo às autoridades competentes. Não se pode presumir que todos os casos de abuso infantil serão óbvios ou que cada criança acabará por contar a um adulto que esteja disposto a agir em seu nome sobre o abuso. Famílias abusivas podem parecer normais ou até mesmo felizes vistas de fora, e as crianças podem ser boas em esconder o abuso, sentindo que ninguém acreditaria nelas se contassem, ou já terem contado a alguém no passado que reagiu mal ou não as ajudou. Se você tiver motivos para suspeitar que uma criança está sendo abusada, denuncie você mesmo o abuso. Informações sobre como denunciar abusos podem ser encontradas aqui.

1 American Psychiatric Association. (2013). Dissociative Disorders. In Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). http://dx.doi.org/10.1176/appi.books.9780890425596.dsm08

2 Freyd, J.J. (2014). What is a betrayal trauma? What is betrayal trauma theory? Recuperado de http://pages.uoregon.edu/dynamic/jjf/defineBT.html

3 Spiegel, D. (2008). Coming apart: Trauma and the fragmentation of the self. Recuperado de http://www.dana.org/Cerebrum/2008/Coming_Apart__Trauma_and_the_Fragmentation_of_the_Self/

4 Spring, C. (2012). What causes dissociative identity disorder? Recuperado de http://www.pods-online.org.uk/index.php/information/articles/faqs-dissociation/what-causes-dissociative-identity-disorder

5 Gonzalez, D., Gonzalez, A., & Van der Hart, O. (2012). Borderline personality disorder, childhood trauma and structural dissociation of the personality. Revista Persona, 11(1), 44-73.

6 Bremness, D. (2003). Attachment Disorganization [Review of the book Attachment Disorganization, by J. Solomon & C. George [eds.]]. Journal of the Canadian Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 12(3), 93. doi:10.1126/science.290.5495.1304

7 Van der Kolk, B. A. (2001). The assessment and treatment of complex PTSD. In R. Yehuda (Ed.), Traumatic stress. American Psychiatric Press.

8 Blue Knot Foundation. (2015). Types of child abuse. Recuperado de

<https://www.blueknot.org.au/Resources/Information/Understanding-abuse-and-trauma/What-is-child-abuse-/Types-of-child-abuse> em: Nov 2023

9 Smith, M., & Segal, J. (2016, March). Child abuse and neglect. Recuperado de http://www.helpguide.org/articles/abuse/child-abuse-and-neglect.htm

10 American Humane Association. (n.d.). Emotional abuse. Recuperado de http://www.americanhumane.org/children/stop-child-abuse/fact-sheets/emotional-abuse.html

11 Petro, L. (n.d.). Types of emotional abuse. Recuperado de http://www.teach-through-love.com/types-of-emotional-abuse.html

12 National Center for Victims of Crime. (n.d.). Statistics on perpetrators of child sexual abuse. Recuperado de https://victimsofcrime.org/media/reporting-on-child-sexual-abuse/statistics-on-perpetrators-of-csa

13 Weiss, R. (n.d.). Childhood covert incest and adult life. Recuperado de https://blogs.psychcentral.com/sex/2014/07/childhood-covert-incest-and-adult-life/

14 Child Friendly Faith Project. (n.d.). Our mission. Recuperado de http://childfriendlyfaith.org/mission/

15 Bulwer, P. (2016, February 23). A snapshot of religion related child abuse from June 2007 to June 2011. Recuperado de http://religiouschildabuse.blogspot.com/2016/02/a-snapshot-of-religion-related-child.html

16 Becker, T. & Coleman, J. (1999, May). Ritual abuse: An European cross-country perspective. In The Spectrum of Dissociation. Presentation conducted at the ISSD Spring Conference, Manchester, UK.

17 Van der Hart, O., Boon, S., & Jansen, O. H. (1997). Ritual abuse in European countries: A clinician’s perspective. In G. A. Fraser (Ed.), The dilemma of ritual abuse: Cautions and guides for therapists (1st ed., Clinical Practice, pp. 137-163). Washington, DC: American Psychiatric Publishing.

18 Office on Trafficking in Persons. (2012, August 2). Fact Sheet: Human Trafficking. Recuperado de http://www.acf.hhs.gov/programs/endtrafficking/resource/fact-sheet-human-trafficking

19 Shared Hope International. (n.d.). FAQs. Recuperado de http://sharedhope.org/the-problem/faqs/

20 Innocence for sale: Domestic minor sex trafficking (2014) (testimony of Michael T. Harpster). Recuperado de http://www.fbi.gov/news/testimony/innocence-for-sale-domestic-minor-sex-trafficking

21Houston Rescue and Restore Coalition. (2011). Rapid field assessment of domestic minor sex trafficking in Harris and Galveston Counties, Texas. PIP Printing.

22 Polaris. (2015). The facts. Recuperado de https://polarisproject.org/facts

23 United Nations Office on Drugs and Crime. (2014). Global report on trafficking in persons. Vienna: United Nations Publications.

24 Enough is Enough. (n.d.). Statistics. Recuperado de http://www.enough.org/inside.php?tag=statistics

25 Polaris. (n.d.). Human trafficking. Recuperado de https://traffickingresourcecenter.org/type-trafficking/human-trafficking

26 National Society for the Prevention of Cruelty to Children. (n.d.). NSPCC. Recuperado de https://www.nspcc.org.uk/

27 BabyCenter Medical Advisory Board. (2014, March). Child abuse: How to tell if something’s wrong. Recuperado de http://www.babycenter.com/0_child-abuse-how-to-tell-if-somethings-wrong_6210.bc

28 Blanco, J. (2011, May 12). How to spot a bullied child and what to do [Editorial]. CNN. Recuperado de http://www.cnn.com/2011/OPINION/05/12/blanco.bullying/29 Campbell, S. (1991, March 15). Fake illnesses may signal deeper problem. Los Angeles Times. Recuperado de http://articles.latimes.com/1991-03-15/news/vw-129_1_physical-symptoms

30 Weiss, R. (2015). Understanding covert incest: An interview with Kenneth Adams. Recuperado de https://www.psychologytoday.com/blog/love-and-sex-in-the-digital-age/201510/understanding-covert-incest-interview-kenneth-adams
31 Salter, M. (n.d.). Information about organised abuse. Recuperado de https://www.organisedabuse.com/info

Traduzido por: Sistema Mosaico
Revisado por: Sistema Psycho

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